domingo, dezembro 17, 2006

Areia de Porto Pim

A areia ainda é negra
E o sol fá-la brilhar,
Já não há homens na pedra
De caniço a pescar
Na noite,a tiritar.
A areia brilha ao luar
Que a lua vem atirar
Aos jovens enamorados,
Que passeiam enlaçados
À beira do mar.
A praia é sempre linda
E sabe contos de fadas
E beldades encantadas,
Estórias de gentes importantes
Que ao tempo eram visitantes
Vestidas de fatos finos
Em passeios clandestinos.
A praia agora é diferente.
Vigiada por salgueiros
Que se debruçam matreiros
A ver a vida passar
Nas ondas a caminhar.
Em meus sonhos sem fronteira
Vejo-a à minha maneira.
Ah! Areia de Porto Pim
Como te espraias em mim!
Fernanda,17 de Novembro

domingo, dezembro 03, 2006

Deixei-te chorando...

Paraíso de gaivotas livres,ondulantes
De imensos basaltos da mais negra cor,
Onde criancinhas brincam radinhantes
Onde o pobre é rico,vivendo de amor.

Aí,em teus campos,os melros bailando
Quebram o silêncio com seu chilrear,
E com suor do rosto,as terras regando
Trabalham os homens,sem nunca parar.

ILHA,és lavada por chuva caprichosa
Que campos matiza de rara beleza,
Fazendo de ti hortência formosa
Azul,cor de manto de velha nobreza.

Deixei-te numa tarde quente de calor
Minha alma repleta de mil sentimentos,
Tristeza,alegria,nostalgia amor
Saudades de filha,chorando lamentos.

Meus tempos de jovem,passei-os contigo
Correndo na costa,brincando no mar,
O tempo passou,esquecer não consigo,
Um dia em teus braços virei repousar.

Fernanda,3 de Dezembro de 2006

Tua influência ó mar!

Que influência tens tu sobre mim ó mar,
Que feitiço me fizeste,logo que nasci?!
Quando trite,sinto meu pranto rolar
Em ondas salgadas,que vêm de ti.

Amigo,companheiro da minha infância
Ouvia teu susurro ao anoitecer,
Numa canção que ensaiavas à distância
E me embalava p,ra me adormecer.

Quado te encontro,sinto renascer
A coragem,a força e a energia,
E a seiva que preciso p,ra viver
Vem de ti,num perfume de maresia.

Agora,da viagem já cansada
Sonho contigo,amigo dedicado,
Respiro o ar da noite despenhada
Em ecos,num pranto ainda salgado.

Fernanda,3 de Dezembro de 2006

Ali,nos Açores

Ali nos Açores tudo nos fascina,
O fumo das caldeiras,a essência das flores,
A paisagem que o Pico do alto domina
O mar submisso e as colinas de mil cores.

Ali,o homem que faz do basalto vinho
E do âmago do mar tira fatias de pão,
Para na esquina,p,ra ouvir com carinho
A história de algém que lhe aperta mão.

È ali no aroma duma flor silvestre,
Transpondo distâncias,atressa espaços
Leva a brisa morna ou o vento agreste
P,ra secar as lágrimas de rostos já lassos.

Foi ali,aonde o mar abraça o mundo
Onde açucenas virgens,proclamam pureza
Que eu deixei a minha alma num sono profundo
Num beijo de açor-sonho de beleza.

Fernanda,3 de Dezembro de 2006

S.Miguel-Campinas e Mar

Nos campos,as cascatas de hortências
Desciam da terra em torrentes de cor,
Serena campina,suaves dolências
Prados delumbrantes regados de amor.

Flora exuberante,verdes matizados
Madrugadas de névoa,noites orvalhadas,
Sonatas de pássaros,florestas e prados
Cânticos,gorjeios em vozes trinadas.

Marés de estanho,costas recortadas
Sem horizontes,brumas misteriosas,
Maroiços,negrumes,furnas encantadas
Vulções embalados por águas morosas.

Sonhos revividos,encantos,miragens
Memórias de outrora que o fogo incendeia,
Aventuras de mar,perigos e viagens,
Histórias contadas à hora da ceia...Fernanda,3/12/06

segunda-feira, novembro 06, 2006

Carinho de mar

Vim com meu sangue gelado
Das terras do lado norte,
Sentindo o peito cansado
Dos desafios da sorte.
Cheguei ao mar bem cedinho
Ainda a lua a espreitar,
E senti que o seu carinho
Vinha a saudade abrandar.
Sentei-me à beira d água
Respirando o cheiro a mar,
Expirei a minha mágoa
E fui co´as ondas dançar.
Não há como o mar salgado
para inspirar harmonia,
Com seu constante bailado
Perfumado de maresia.
Fernanda,6 de Novembro de 2006

domingo, novembro 05, 2006

Numa muralha de saudade

Fiquei ali de pé a admirar
Daquele mar a imensidão,
Numa simbiose de Sol e Mar
Que marcou meu coração.
Sonhei-me num batel a navegar
Esquecendo tempo e espaço,
E Neptuno,o Deus do Mar
Enlançou-me num abraço.
Fui nesse enlanço sonhando
Com tempos de mocidade,
Que o mar ia acompanhando
Num mermurar de saudade.
Ali em frente ao Mar
A brisa soprou mansinho,
Trouxe-me um sopro de paz
Perfumada a rusmaninho.
Fernanda

Nostalgia do tempo

Ainda trago comigo
Histórias e recordações
Sonhos de praias e mar,
E sei que ainda consigo
Sentir tremores e vulcões
Na minha alma a rebentar.
Recordo agora saudosa
Tantas guitarras e contos
Que ainda ouço no ar,
E vejo a Horta mimosa
E todos esses recantos,
Que só cheiravam a mar.
Agora sinto no meu peito
Tristeza,dor,alegria
Que o vento um dia levou,
E daquele sonho desfeito
Só me resta a nostalgia
Que a saudade me deixou.
Fernanda

sábado, novembro 04, 2006

Felicidade

Estou completamente imersa na felicidade
que disfruto só de te ver.Nada mais conta...Não
só não estou triste como,pelo contrário,me sinto profundamente
feliz e segura.Mesmo as mais ternas recordações----de
todas as tuas queridíssimas expressões,dos teus queridos
braços envolvendo a minha almofada pela manhã----não me trazem
qualquer dor.Sinto-me toda, completamente,envolvida
e sustida pelo teu amor.
Fernanda,4 de Novembro de 2006